"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

domingo, 29 de agosto de 2010

90 LIVROS CLÁSSICOS PARA APRESSADINHOS

O quadrinista sueco Henrik Lange reuniu, no volume 90 livros clássicos para apressadinhos, paródias gráficas de livros famosos, de Dom Quixote (1605) a Mistério na neve (1992). Há supremacia de autores de língua inglesa, e a língua portuguesa só comparece com um único livro, que deixo aos leitores descobrir. As paródias resumem as histórias com humor e uma certa atualização irônica, conforme nossa época e o gosto temático atual. A intenção é provocar riso com alguns dos livros mais importantes já escritos no Ocidente, destroná-los de sua pose de seriedade. O resultado é delicioso, pois nos vemos rindo com o entrecho de obras que foram marcantes para as nossas vidas, como no meu caso O estrangeiro, A náusea, O processo e Fome. Algumas paródias são magistrais, como a de Factótum, de Bukowski: "Henri Chinaski bebe. E dorme com putas. E bebe mais. É o estilo Bukowski de vida". Faltaram, claro, os quadrinhos. A tradução e adaptação foram feitas pelo cartunista Ota. E o gato barra-pesada da capa é o Behemoth, do romance O mestre e Margarida, de Mikhail Bulgakov.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

CIDADE DE VIDRO

Extraordinária adaptação para os quadrinhos do conto homônimo de Paul Auster. Os autores conseguem a proeza de amalgamar o caráter literário do conto, que não se apaga em momento algum, à agilidade das HQs. E o resultado é uma das melhores obras do gênero, com palavras e imagens funcionando como num filme. Destaca-se sobretudo a sequência em que o protagonista, Quinn, detetive particular de ocasião, decai e envelhece a observar a porta do edifício de seu cliente, numa indiscutível alusão ao célebre conto Diante da lei, de Kafka. Se ainda há dúvidas quanto ao caráter literário das HQs, não há mais quanto à sua capacidade de conservá-lo quando o texto inspirador é a Literatura.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

IMAGEM DA PAZ FUTURA

Inspirado no meu conto A paz forçada, recém-publicado na revista Portal 2001, o escritor Carlos Américo Kogl fez esta bonita ilustração. Idealizada pelo escritor Nelson de Oliveira, a revista reúne vários autores brasileiros atuais em suas incursões pela literatura de ficção científica.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

DUAS POETISAS, DOIS LIVROS


Finalmente Ângela Vilma e Mônica Menezes trazem a público seus tão esperados livros, pela coleção Cartas Bahianas: Poemas para Antônio e Estranhamentos. O lançamento é amanhã, de 19 a 22 horas, na Livraria Tom do Saber, Rio Vermelho, Salvador, BA. Os escritores já confirmaram presença. Que compareçam os leitores!

Clique sobre o cartaz para ampliá-lo.

domingo, 22 de agosto de 2010

2 DEDOS DE POESIA


O SUMO DE UM LIVRO DE LUÍS PIMENTEL

Belo livro para crianças e também adultos,
Adultos que esqueceram que a poesia está em tudo.
E que a linguagem é só um meio,
E que este não deve anular
Os sentimentos que as imagens despertam,
Nas montanhas, na terra, no mar,
Sob pena de que a poesia se transforme
Em simples discurso,
Sem conteúdo, como o dos políticos,
Ou fruto sem sumo, raquítico.


Embebido da poesia de Luís Pimentel, só consegui falar do livro dele, Dois dedos de poesia, lançando mão da linguagem poética. Mérito para o poeta Luís Pimentel, que já possui mais de vinte livros só para o público infanto-juvenil, entre os quais As roupas do papai foram embora e Todas as cores do mar, e para o artista plástico Orlando, que ilustrou maravilhosamente os poemas. Aperitivo:

Poesia
não é só
o que há
de bom.
Poesia
muda de tom:
um dia é azul,
de céu e harmonia.
No outro é bem cinza,
de parede fria.
Mesmo assim
é poesia.

LUÍS PIMENTEL

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

VERÃO ÍNDIO

Durante a colonização das Américas, ouro, prata e madeira não eram os únicos produtos a deflagrar conflitos entre colonos e índios. Havia um "outro", mais antigo e muito mais importante para a vida. Com a ironia de Hugo Pratt (1927-1995) e a sensualidade do desenho de Milo Manara (1945), Verão índio (Conrad, 2009) é quase uma sátira aos nobres tempos coloniais. Uma sátira que não foge à verdade.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

CASARÃO DO VERBO

Livro bom, bonito e bem-feito, a BAHIA também tem. Casarão do Verbo: portas abertas para o prazer da leitura! Clique em cima da imagem para ampliá-la.

sábado, 14 de agosto de 2010

EU, ROBÔ

Depois de décadas fora de catálogo no Brasil, um dos melhores livros de Isaac Asimov, Eu, robô, foi relançado, em 2004, pela Ediouro, e logo esgotou. Veio uma segunda edição, mas, como o livro custa uma bagatela de 49 reais, a mesma editora o incluiu no selo Pocket Ouro, numa edição econômica que o reduziu a R$19,90, promovendo uma excelente oportunidade para que novos leitores tenham acesso a um dos pilares da literatura de ficção científica. Nos nove contos que integram o volume, Asimov exercita as variações narrativas possíveis dentro de uma amarra que ele próprio criou, as Três Leis da Robótica: 1) um robô não pode ferir um ser humano ou, por omissão, permitir que o ser humano seja ferido; 2) um robô deve obedecer às ordens dadas por seres humanos, salvo se tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei; 3) um robô deve proteger sua própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira e a Segunda Leis. O prefácio desta edição é do escritor brasileiro Jorge Luiz Calife, que em 1977 sugeriu e esboçou, por carta, a Arthur C. Clarke o argumento para o romance 2010: uma odisséia no espaço 2, logo transformado em filme.

sábado, 7 de agosto de 2010

OS HÚNGAROS, 2

Para os fãs da Literatura Húngara, que, além de Sándor Márai, reúne uma plêiade de grandes escritores, acabou de chegar às livrarias, pela Hedra, a antologia Contos húngaros. Com tradução de Paulo Schiller e introdução de Nelson Ascher, pupilos, de certa forma, do saudoso húngaro-brasileiro Paulo Rónai, o volume enfeixa dez relatos de Dezsö Kosztolányi, Frigyes Karinthy, Géza Csáth e Gyula Krudy; pouco para a grandeza da Literatura Húngara, mas muito para uma literatura que raramente é traduzida no Brasil. A edição teve o apoio da Hungarian Book Foundation. Em tempo: também da Hungria foi lançado no Brasil, pela Intrínseca, em 2009, o romance O rei branco, de György Dragoman, que ganhou com este livro os prêmios Sándor Márai, Tibor Déry e József Attila. Um crítico, no New York Times, disse: "O rei branco é cruel, mas também irresistivelmente terno".