"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

SORRIA, VOCÊ ESTÁ NA BAHIA!

Foto: por Hithotel.
Para o Governo do Estado da Bahia, capitaneado pelo famigerado Rui Costa, e igualmente para a Prefeitura de Salvador, sob a direção de ACM Neto, vai tudo muito bem por aqui. Salvador é um paraíso tropical à espera de mais uma leva de milhares de turistas, que devem ficar pela cidade de dezembro a março, em mais um verão escaldante, barulhento e sujo, com a violência de sempre. A prova irrefutável foi o que eu vi na última segunda-feira, a céu aberto, em plena luz do dia, entre 15 e 16 horas.

À procura de um produto que só se encontra no Comércio, somei a isto o fato de que adoro andar e fui a pé até o famoso Mercado do Ouro. Eu atravessava a praça, quando surpreendi a pouco mais de quatro metros, um cara vendendo um revólver para dois outros. Estavam lá, numa boa, negociando. Do outro lado, a menos de 50 metros, dois policiais, montados em motocicletas, conversavam...

Cumprida a minha missão, subi pelo Taboão até a Baixa dos Sapateiros. Antes, ao passar perto da Igreja Rosário dos Pretos, avistei três policiais, que papeavam alegremente na esquina. Pois bem, a menos de dez metros, um cara, sentado na soleira de uma casa, enrolava um cigarro de maconha, numa boa... Não sei quantos se drogavam tranquilamente, nos arredores, sob as barbas da polícia. Talvez dezenas. 

Da Baixa dos Sapateiros subi pela Ladeira da Palma até a Rua da Mouraria. E foi ali que a evidência de que Salvador e a Bahia estão entregues ao crime se mostrou plena e incontestável. Eu caminhava pela calçada, uma pessoa à minha frente e outra mais atrás, quando passou por nós um rapaz, de mais ou menos 17 anos, com um revólver na cintura, enfiado no cós da bermuda. E ele andava calmamente, a passeio, dando tapinhas na arma, como se quisesse com isso nos alertar ou ameaçar. A menos de vinte metros, o quartel do Exército dormitava ao sol, com duas sentinelas a postos.

Três cenas. Três evidências de crime. Três possíveis desdobramentos violentos para as próximas horas ou os próximos dias. E a polícia observando tudo, condescendente.

Enquanto isso, como diria Drummond, o governador e o prefeito tiram ouro do nariz.

Um comentário:

Unknown disse...

E assim vai se criando gerações de (justificadamente) paranoicos, eu entre eles. Tá tenso esse negocio de viver nessa sociedade.